Bruno Wildberger | Arquitetura e Urbanismo

Curia Diocesana de Bom Jesus da Lapa - BA

Um espaço destinado a ser a Sede da Diocese de Bom Jesus da Lapa, além de servir de espaço multiplo-uso para eventos e hospedaria de romeiros.
O projeto foi pensado com o objetivo de resgatar valores históricos, culturais e religiosos do Catolicismo com o objetivo de proporcionar um espaço mais homogêneo e imersivo na fé cristã. Haja vista o resgate da Torre Campanária, a incorporação de um Claustro e dos pátios de interações sociais propícios para a realização de eventos em geral.

O local foi identificado como um ambiente descaracterizado e sem identidade própria;
As edificações existentes não possuem qualquer expressividade ou valor estético, tendo sob única demanda atender a função proposta;
O complexo é composto de uma sucessão de subníveis que criam relevos, fragmentações e obstáculos no plano de piso existente;
As edificações existentes não possuem a devida acessibilidade de acordo com o que a norma NBR-9050 exige;
Atualmente existe uma estrutura robusta, composta de uma caixa d’água e um sanitário, que cria um volume que “grita” com o espaço, como um elemento volumétrico dominante, assim como os canteiros existentes;
Ausência de coberturas nas áreas de circulação que expõem o usuário as intempéries externas (sol e chuva);

Mediante as problemáticas expostas, a Instituição percebeu a necessidade de ressignificar o espaço da Cúria com o objetivo de dar identidade ao complexo e transmitir valores e princípios históricos, culturais e religiosos pregados pela Igreja Católica, para proporcionar um recinto mais homogêneo e imersivo na fé cristã.
Diante disso, foi solicitado:

Um projeto adaptado ao nosso tempo, que remeta aos pátios internos italianos e seja integrado a um novo paisagismo, dialogando e integrando os espaços antigos e novos;
Um espaço voltado à meditação e a reclusão, que sirva de recepção aos internos, assim como local de treinamento espiritual e religioso;
Deve trazer elementos e adornos que valorizem a fé Cristã;
O paisagismo deve proporcionar conforto térmico e acústico, para que o usuário tenha um desprendimento do campo externo à cúria. Deve proporcionar aromas de ordens diversas e gerar frescor (haja vista as altas temperaturas da região);
Deve proporcionar incentivos acústicos de ordem tranquilizante (folhas, pássaros, água) para que se tenha uma experiência mais imersiva;

A paginação de piso foi toda pensada para valorizar e enaltecer princípios, valores históricos e culturais da Igreja Católica. Sendo assim, nada mais significativo para a Diocese de Bom Jesus da Lapa, localizada na cidade às margens do Rio São Francisco, do que homenagear não somente o Santo, mas também, através da reforma física, o ideal de São Francisco de reforma da Igreja.

O grande volume estrutural da caixa d’água existente no centro do pátio principal não poderia ser ignorado no projeto, devendo ser incorporado na composição do complexo arquitetônico conforme solicitação do Reverendíssimo Bispo Dom João Santos Cardoso. Desta forma, o volume existente será reconfigurado, de modo que traga leveza a pesada estrutura e se reformule como um campanário para a Cúria Diocesana. O campanário, ou torre sineira, é de fundamental importância no resgate dos valores tradicionais da Igreja Católica, pois é um elemento de marco do tempo das missas e celebrações, que futuramente irão ocorrer na Cúria. O mesmo traz consigo os valores de disciplina e pontualidade necessários para o seu bom funcionamento. Fora isso, a reforma da Cúria irá incorporar uma nova capela para as celebrações e missas, podendo o Campanário ser utilizado para o prenúncio de suas celebrações.

Os canteiros antiquados e pesados serão retirados de toda a Cúria Diocesana, criando assim um grande pátio. O mesmo estará exposto as intempéries naturais (sol e chuva), portanto, numa releitura moderna dos antigos monastérios, será realizado um Claustro no pátio, criando assim faixas de circulação através de uma colunata moderna e arcos abatidos. Teremos espaços de convivência e interação social interligando os dormitórios aos diversos edifícios da Cúria.

A Colunata do Claustro é composta por pilares formados por um compilado de quatro círculos, que juntos remetem a Cruz dos Quatro Evangelistas, responsáveis pela construção do Novo Testamento, base da atual Igreja Católica. Desta forma, temos no Claustro o centro social da Cúria e porque não a ágora (nome grego dado ao espaço destinado a reuniões e interações sociais), uma colunata que homenageia “Os Evangelistas“ que em sua etimologia traz o significado “aquele que traz boas notícias”, o que cria uma egrégora ou atmosfera de positividade e valorização da fé trazendo esperança aos fiéis (romeiros) que lá frequentarão. A palavra Evangelista, além do positivismo inerente já mencionado, traz consigo o significado de exortação (encorajamento, estímulo, incitação) e nada melhor do que ter esses sentimentos associados nos momentos de oração e de introspecção diante da presença e da casa do Senhor

A partir das intervenções realizadas pela BW Arquitetura no espaço da Cúria, a mesma poderá realizar eventos e atividades dinâmicas as quais irão agregar valor tanto institucional quanto monetário, uma vez que além de servir de espaço para cursos, eventos, dentre outras atividades, poderá também alugar o seu pátio principal que detém conexão direta com a nova capela para a realização de casamentos, festas de 15 anos, batismos, além de congressos, encontros de jovens, etc.
A subdivisão criada permite que o espaço possa realizar múltiplas atividades de cunhos diversos sem que um evento comprometa a funcionalidade do outro, graças a delimitação espacial criada pela
colunata do Claustro.